sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Angústia

Quer tocar, mas não alcança.
Tenta sentir, porém não pode.
Ousa encarar e não é vista.
Suplica em silêncio por atenção. Só  a indiferença aos berros lhe responde.
Deseja luxúria. Recebe de volta a vaidade.
Convive com a ira. Não administra a gula.
Transborda de amor. Derrama-se em solidão.
Identifica-se por um nome. Reconhece-se por outro.
De tanto tentar achar se perdeu em si mesma. Por saber onde estava o que queria nunca pode alcançar.
Por insistir em esquecer o que nunca existiu, seu coração nenhum dia sequer deixou de lembrar.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Você

Minha cabeça tem andando confusa, dispersa, vagando entre o que acha que é real e o que acha que é imaginário. É incrível como mesmo diante dos olhos a realidade ainda que cruel possa ser ludibriada por um sentimento de esperança alimentado por um amor doentio.
Doentio?
É. Doentio!
Não posso mais dizer que esse sentimento, mesmo que amor não seja o nome mais adequado para ele, possa ser qualificado como saudável. Esse sentimento dói, me machuca, me sufoca, me massacra, me destrói de diversas formas possíveis e até inimagináveis.
Quando penso que superei você, a vida vem e me mostra que não. Quando desisto de te superar, forças superiores me mostram que não sou eu quem devo escolher o momento para isso e agora quando acho que tudo e todos decidiram deixar minha vida seguir, você mesmo decide fazer com que eu me lembre que ainda há algo bem intenso e muito vivo aqui dentro de mim.
Sinceramente, não sei mais o que eu vejo ou o que eu imagino. Não distingo o que é sensato ou insano. O pior é que não sei se estou perdida assim pela irrefutável constatação de que você é tão ruim e comum como qualquer outro ou pelo fato do que sinto se manter inabalado mesmo diante de tamanha decepção.
Eu fiquei decepcionada, devo confessar. Estou com raiva. Muita até. Isso abalou minha autoestima, mais uma coisa a confessar aqui, com as palavras. Afinal, as palavras ainda são um bom refúgio. Nelas continuo a nos tratar como um “nós”. Nas palavras nós existimos e nelas eu encontro até o alívio do desabafo. Quem sabe um dia eu encontre a habilidade para nas palavras fazer com que nós dois possamos, ao menos, literariamente, nos dar prazer.
Hoje, não. Minha autoestima ainda está abalada. Ainda estou a pensar que se tu pecas como os outros, qual o motivo de nunca ter pensado sequer pecar comigo?
Não sou boa o suficiente? Magra? Gorda? Alta? Baixa? Real? Será que você me nota?

Na verdade, eu tenho essa resposta. Para você, eu simplesmente não sou.