sexta-feira, 29 de junho de 2012

Ser cuidada


Estranho gostar da independência, amar a liberdade sexual, sentimental, cultural e financeira e ao mesmo tempo ter vontade de ser cuidada por alguém, de ter uma relação de dependência, entende?

Sabe aquela vontade de fechar os olhos e saber que tem alguém que vai cuidar de você,  garantir sua segurança, suas escolhas, sua vida. Sei que é esquisito, mas tenho vontade de depender, de fato, de alguém. Não que eu ache que todo mundo é feliz sozinho e que ninguém precisa de ninguém,  todo mundo precisa de todo mundo, ninguém é completo sozinho, mas no dia-a-dia acabamos nos perdendo em metas e objetivos pessoais, que, por temermos absurdamente a falha, acabamos transformando toda responsabilidade do êxito nossa. Acho que esse é o processo de isolamento coletivo que as mulheres modernas enfrentam.

Eu não queimei sutiã,  não rasquei calcinha ou coisa parecida, apoio e admiro a causa, sei que a vida que levo hoje é fruto do trabalho e coragem de mulheres guerreiras, mas não posso negar também que adoraria que homem puxasse a cadeira, abrisse a porta do carro, deixasse eu subir a escada na frente dele, pagasse a conta e, sendo bem sincera, fizesse todo o roteiro de um programa sozinho, com convicção e cheio de atitude falasse: “Vamos! Já está tudo decidido!”.

Talvez eu esteja carente, talvez eu precise rever minhas ideias, o problema é tudo envolve a minha atitude e no momento eu só quero que o barco corra, sem que eu tenha que fazer as escolhas.

domingo, 10 de junho de 2012

09 de Junho

Ontem foi um dia especialmente triste para mim, acho até que os deuses estavam ompartilhando a minha dor, afinal, o céu chorava, os ventos estavam frios, o mar revolto, o fogo não aquecia e a terra estava molhada, grudenta e incoveniente. Ao meu redor tudo parecia sentir como eu, tudo sangrava discreta e vagarosamente.

Sei lá, sinto sua falta o ano todo, mas 09 de Junho me machuca cruelmente, parece que todo ano te perco novamente neste dia. Uma pena é o dia 10 não sepultar essa dor, essa ausência, essa angústia, esse peso e essa raiva enorme que tenho do mundo que ficou aqui sem você.

Vejo seu filho crescer, sua esposa juntar os pedaços do coração que ainda está destruído, vejo seu pai ignorando os fatos e sua mãe se desligando de tudo. Só não consigo me ver, não consigo me achar e continuo me perdendo tentando encontrar algo que não existe.

Não dá para voltar no tempo, não tenho a chance de fazer de novo e, ironicamente, só me sobrou o tempo, que ao contrário do que dizem, não me faz esquecer, não me cura, pelo contrário, passa rápido, cortando mais certeiro que uma faca.