Estranho gostar da independência, amar a liberdade sexual,
sentimental, cultural e financeira e ao mesmo tempo ter vontade de ser cuidada
por alguém, de ter uma relação de dependência, entende?
Sabe aquela vontade de fechar os olhos e saber que tem
alguém que vai cuidar de você, garantir
sua segurança, suas escolhas, sua vida. Sei que é esquisito, mas tenho vontade
de depender, de fato, de alguém. Não que eu ache que todo mundo é feliz sozinho
e que ninguém precisa de ninguém, todo
mundo precisa de todo mundo, ninguém é completo sozinho, mas no dia-a-dia
acabamos nos perdendo em metas e objetivos pessoais, que, por temermos
absurdamente a falha, acabamos transformando toda responsabilidade do êxito nossa.
Acho que esse é o processo de isolamento coletivo que as mulheres modernas
enfrentam.
Eu não queimei sutiã, não rasquei calcinha ou coisa parecida, apoio
e admiro a causa, sei que a vida que levo hoje é fruto do trabalho e coragem de
mulheres guerreiras, mas não posso negar também que adoraria que homem puxasse
a cadeira, abrisse a porta do carro, deixasse eu subir a escada na frente dele,
pagasse a conta e, sendo bem sincera, fizesse todo o roteiro de um programa
sozinho, com convicção e cheio de atitude falasse: “Vamos! Já está tudo
decidido!”.
Talvez eu esteja carente, talvez eu precise rever minhas
ideias, o problema é tudo envolve a minha atitude e no momento eu só quero que
o barco corra, sem que eu tenha que fazer as escolhas.